domingo, 20 de maio de 2012


À Rebeca Xavier

Essa noite dormi com o poeta
E com ele gozei loucamente
Fazendo filhos gerar naquele instante.

A prole que de nós partiu
Ganhou vida própria e
Seguiu o seu caminho.

Distante de meus conselhos e ideias
Ela a muitos encantou e
A outros destruiu.

Assim permanecerá ela
Até encontrar um poeta
Que a faça louco prazer sentir,
À noite, numa cama.

Daí, enquanto uma nova descendência se projeta,
A prole que gerei vai-se dissolvendo,
Eternizando-se no líquido seminal.


Thais Loiola

3 comentários:

  1. PEQUENA ANÁLISE:

    Este, um poema em que visualizamos a concepção do poema como um ato fecundo. Nele, o eu-lírico envolve-se de corpo e alma com a poesia em sua corporeidade abstrata e, para tanto, utiliza-se dela de modo metafórico, atribuindo-lhe a concretude da figura do poeta como o elemento de fecundação. Mas percebemos que o eu-lírico não se coloca passivamente neste processo, ele envolve-se completamente e disto nasce o poema, ou melhor, a obra: "a prole que de nós partiu" e que adquire maturidade com o passar dos tempos e dos leitores a quem esta obra encantará ou destruirá. Há, ainda, o desejo de eternização desta poesia: "Eternizando-se no líquido seminal"

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