domingo, 20 de maio de 2012









Olha, Maria, olha!
Retira-te da escuridão, não vês?
Segue teu caminho de vida-não.

Ontem, lugar de horizontes.
Hoje, mesa vazia.

É chegada a hora da partida.
Para onde?
Andarilho é teu ofício.

Retira-te agora, já não tens...
Tiveste?

Segue teu caminho de escuridão,
planície avermelhada, de ilusão cheia.

Verde, vês?
Retira-te; mancha é, apenas.

Na tua lida, o voo negro dos carcarás
dão sombra e assombram ao redor dos moribundos.


Marielly Morais

Um comentário:

  1. PEQUENA ANÁLISE:

    Muito bom o poema. Demonstra a perturbação daquele que busca, mas não sabe o quê nem como. A escolha do nome Maria para o interlocutor ao qual o poema se dirige propicia a identificação de qualquer leitor para com esta figura que anda sem destino: "Andarilho é o teu ofício". E andar seguindo um caminho, uma vida de anulação: "Segue teu caminho de vida-não".

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