terça-feira, 4 de setembro de 2012

ALARANJADO



Certas tardes nos envolvem na observação enebriante da paisagem de pensamentos leves, soltos e, ao mesmo tempo, complexos, condensados, amarrados.





INSONES



Esta noite parece haver pessoas

Em ronda pela rua
E eu vejo as sombras por baixo
da porta.
Eu tenho medo...

O espectro de um parece confundir-se com o de

outra
E  juntos dão forma a monstros
disformes
Eu tenho medo...

Meus olhos estão acesos no meio da sala,

mas como o fogo de duas velas,
querem apagar-se.
No entanto, a vigília continua,
pois tenho que guardar bem a soleira da porta
para que as sombras não passem por ela.
Elas causam medo.

Já no enfado extremo da vigília,

levanto-me e abro a porta.
Saio para a rua e noto que
A multidão de sombras foge em disparada.
E enquanto eu passeio pelas calçadas,
sou eu quem lhes casa medo...

(LEONILDO CERQUEIRA)




"A vida é pluralidade, morte é uniformidade" (Octávio Paz)

Escreve o poeta, escreve-se um ser, dialogam diversos seres, interrogam-se outros. O leitor observa, observa-se, sente-se, chora sua dor e alegria. O cômico e o trágico se entrecruzam concedem vida ao grande teatro.


(CÁSSIA ALVES)