domingo, 20 de maio de 2012

A realidade










E lá vem Lilica correndo sem chão nos pés...
De repente passa Ambrosina caminhando de cabeça para baixo...
Joãozinho sobe as paredes do meu quarto com os pés cheios de lama...
... Maria nada no nada e desaparece no primeiro “bum”.
E, de repente, duendes invadem o meu céu, todos atrapalhados...
As fadas apontam suas varinhas para os bichos que vivem em baixo de minha cama...
(E até hoje não descobri onde eles foram parar)
Bruxas são exterminadas pelos príncipes de reinos distantes
Que se uniram em busca de uma única princesa...
E essa princesa... não sou eu.
O arco-íris terminou em meu armário,
Não achei tesouro.
Quando a noite veio, não trouxe as estrelas.
A lua resolveu economizar energia, com tanta luz nos postes.
Vou dormir, pra tentar sonhar com a realidade.
Bom dia!



Mary Nascimento

Um comentário:

  1. PEQUENA ANÁLISE:

    Neste poema, vemos a construção de um universo maravilhoso. Lilica e Maria, Alices da poesia, parecem viver numa atmosfera invertida, onde Joãozinho sapateia de lama não o chão, mas o teto. Contudo, contrário ao que poderia parecer, este universo não parece tão harmônico para o eu-lírico, que descobre não ser ela a princesa disputada pelos príncipes guerreiros e, assim, começa a perceber seu mundo desmoronar. Só lhe resta o refúgio. Este é a realidade. É nela em que o eu lírico se evade das decepções do mundo em que vive. O poema, portanto, reflete a insatisfação do eu que, estando do lado de lá da realidade, sonha com o mundo de cá, o que nos permite hipotetizar que o contrário também se efetiva: sonhamos nós do lado e cá, com um universo distante na imaginação e nos desejos mais incontidos, pois parecemos acreditar nos duendes de nossos sonhos. Daí uma sempre forte esperança, mesmo diante de nossas desilusões. Desejar "Bom dia" ao dormir, ratifica estes contrários.

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